quarta-feira, 25 de maio de 2011

DOCE E AMARGA VIDA


Aqui, tudo que poderia desejar. A sombra e a água fresca da árvore em copa e do lago límpido me envolvem em tal sentimento, ocioso e calmo, que até poderia ser mundano.

Ai, ai...

Descanso.

O bicho que voa perto dos meus ouvidos, faz zummmmmmmmmmmm, bato com as mãos. Erro e me estapeio no rosto. Que susto. Doeu.

Parece que vai chover. Recolho o que é meu. Coloco tudo dentro de um saco de dormir e pronto.

Ai, ai...

Delícia de chuva.

Ouço os pingos da chuva mansa na copa da árvore e sempre tem um pássaro que também se alegra com o bainho fora de hora e canta todo feliz.

Ai, ai...

Sono gostoso.

Acordo sobressaltado. Um sonho estranho sobre encontros, desencontros, ruas vazias e meus pés descobertos sentiram um frio danado com o vento. Que incomodo! Não consigo mais dormir. Tudo a volta parece ter som. Zunidos e ferrões a me cutucar.

Grito.

Um grito estridente no vácuo da noite que chia. Preciso sair urgente, coloco tudo nas costas e enfio meus pés na lama da chuva mansa. Ando. Ando.

Ai, ai...

Canseira.

Sento-me novamente agora, o céu descoberto, mostra a lua cheia a iluminar a noite. Os barulhos se acalmam e o novo lugar parece sossegado. Deito e volto a dormir. Achei que iria precisar sair, mas, foi só um pesadelo.

Ai, ai...

Sonho.




(IMAGEM: Noite Estrelada - Vicent Van Gogh)