quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

CORAÇÃO



"sossega coração
ainda não é agora
a confusão prossegue
sonhos afora

calma calma
logo mais a gente goza
perto do osso
a carne é mais gostosa"

Paulo Leminski



Na primeira dentada percebi que seu coração era músculo duro
Com o ácido do veneno do meu sangue apliquei o sórdido plano

Na segunda dentada, macio e suculento, devorei cada milímetro do seu músculo sangrante
Batendo forte
Vivo
Pulsante

Na terceira dentada, encontrei o centro do furacão, o aço, a revelia.
Que do meu peito arrancou-me o coração quente

Que seja confuso, que seja louco, que seja descompassado, mas,
Coração-leão,
Devolva-me o que é meu!
E eu te devolvo a solidão. 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

VENENO.



Sweet the sin, bitter the taste in my mouth.
I see seven towers, but I only see one way out.
You gotta cry without weeping
Talk without speaking
Scream without raising your voice.
You know I took the poison, from the poison stream
Then I floated out of here, singing




Você acha que tomei algum tipo de veneno
Algum tipo de substancia que me entorpeceu,

Somos cumplices e vítimas
Das alucinações e delírios

No fundo do copo do veneno
Vi cenas não vividas

Eu corria livre e você ria
Você acordava ao meu lado

Entorpecida
Desperto
Procuro o antídoto

O tempo passa
Não há tempo
O tempo passa…

segunda-feira, 6 de maio de 2013

OS LOUCOS.





Porque o silencio em si é como o som dos diamantes que podem cortar tudo!!
Jack Kerouac

Tocou a música e rompeu nosso silêncioVocê me puxou para dançarEu, disse não.Você me arrastou para pistaEu, esperneeiVocê pediu para mudar a ritmoEu, griteiVocê segurou firmeEu enlouqueci.
E um blues tocou o arVocê parouEu, te olheiUm blues?Mas, então,Um blues?Se é um blues,Eu danço!
E nosso silêncio continuou...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

NÃO ESCREVO POEMAS DE AMOR.




"Essa mulher pensa que é uma pantera

e às vezes quando fazemos amor
ela rosna e funga
e seus cabelos se soltam
e por trás deles ela me olha
e me mostra suas presas
mas eu a beijo de qualquer jeito e continuo amando.
você já beijou uma pantera?
você já viu uma pantera fêmea se deliciando
com o ato do amor?
você nunca amou, meu amigo.
você com suas esquilas e tâmias
e elefantas e ovelhas.
você tem que dormir com uma pantera
você nunca mais vai querer
esquila, tâmias, elefantes, ovelhas, raposas, carcajus,
nada mais a não ser a pantera fêmea
a pantera fêmea atravessando o quarto
a pantera fêmea atravessando a sua alma,
todas as outras canções de amor são mentiras
quando aquela pele macia e escura vier em sua direção
e o céu desabar sobre suas costas,
a pantera fêmea é o sonho se realizando
e não há volta
ou desejo de –
aquela pele sobre a tua,
a busca terminada
e você aprisionado nos olhos de uma pantera."


Charles Bucovisk


Pelo mato iluminado pelo negro da noite sentia pelo caminho os olhos fixos e sangrentos no seu pescoço cheirando seu suor de ansiedade. Aproximando metro após metro.

 Sentia.....
Sim, sentia...
No vento o roscar e a respiração ofegante que se fundiam instintivamente.

Aproximava-se.

Sentia o correr dos passos
Sentia o bater das grandes asas negras no seu corpo feito para flutuar na noite do inferno para o céu.
Sentia o barulho do abrir das grandes garras.

Ofegantes.

Até que, seus passos pararam na noite e abriu seus braços, sua boca e sua alma para recebê-la como um bravo guerreiro que SE entrega na hora marcada a brava morte.

O que se viu foi sombra, foi noite, foi sussurro, foi desaparecimento.



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

RISCA O CÉU.






calo
até a última gota de palavra



explode!



























quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CÉU AZUL DE VERÃO II




O mau que habita em mim está nas minhas asas

Asas de um anjo negro

Asas negras de corvo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CÉU AZUL DE VERÃO.




One of these mornings
You're gonna rise, rise up singing,
You're gonna spread your wings,
Child, and take, take to the sky,
Lord, the sky

É uma época quente aqui, verão de sol a pino e, de vez em quando, a chuva, que bate no asfalto fervente, faz brotar uma fumaça do cinza frio. É curioso ver a poeira da cidade suja e escaldante  sumindo na névoa que sobe para o céu.

 A menina, aproveitando a bebida gelada em todos os cantos, ENCHEU A CARA de um coquetel doce de frutas e, alucinada,  tatuou grandes asas nas suas costas. Asas pretas que pareciam de um corvo mitológico.

Virou seu costume de verão: após longos banhos gelados passava um tempo sem fim de costas para um grande espelho  movimentando voluntariamente as escapulas e vendo as asas tatuadas se movimentarem.  

Quase. Quase. Por um triz as asas a fariam alçar voo. 

Faltava pouco para alcançar o céu azul de verão.