É uma época quente aqui, verão de sol a pino e, de vez em quando, a chuva, que bate no asfalto fervente, faz brotar uma fumaça do cinza frio. É curioso ver a poeira da cidade suja e escaldante sumindo na névoa que sobe para o céu.
A menina, aproveitando a bebida gelada em todos os cantos, ENCHEU A CARA de um coquetel doce de frutas e, alucinada, tatuou grandes asas nas suas costas. Asas pretas que pareciam de um corvo mitológico.
Virou seu costume de verão: após longos banhos gelados passava um tempo sem fim de costas para um grande espelho movimentando voluntariamente as escapulas e vendo as asas tatuadas se movimentarem.
Quase. Quase. Por um triz as asas a fariam alçar voo.