quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

procurando van Gogh!




Como a força de camadas em pensamentos perigosos, pela janela da casa aberta, viam-se a palavras “rubras, góticas, alto de corpo e de copos” do poema de Hilda Hist, sendo lidas extasiadamente.

Deitada ao chão, espalhada em um tapete branco felpudo, com uma displicência envolvente, passara aquela madrugada, com uma ansiedade que a obrigava a sentir a noite toda o vento gélido vindo daquela angustiante janela aberta.

A luz fosca refletia o vermelho que vinha da taça, estrategicamente colocada ao alcance de suas mãos. Naquela velha vitrola que ganhara meses atrás da sua amiga de infância, o ruído denunciava um vinil, que deixava escapar no ar a voz feminina nos acordes do jazz e a embriagava em um clima de segredo e encanto.

Era um cenário perfeito e seus gestos teatrais deixavam claro o prazer em se sentir tão melancólica e sozinha aquela noite, com estes pensamentos que ela olha para imensidão do mundo da sua janela e diz com um olhar dissimulado:

“Não consegui encaixar Van Gogh na descrição!”,
segue um destes sorrisinhos marotos e com um dos seus olhares pretensiosos, fecha a janela vagarosamente.

O que se vê, lá de dentro, é uma total escuridão e Ella Fitzgerald cantando ao último volume.

8 comentários:

AnNa G. disse...

este quadro é realmente lindo! veja se ele não está debaixo da cama e leia o livro "Cartas a Theo" de Vincent van Gogh...bjs

Sabrina Sanfelice disse...

Van Gogh pode até não estar (não sabe o que estava perdendo), mas com toda essa descrição, eu estou na cena, com toda certeza.

Vinho, Ella, melancolia, vinil e arte... ah, eu estou lá ainda.

Adorei sua "casa". Obrigada pela visita...

Anônimo disse...

vendo o comentário de sabrina, já sei de que forma você chegou ao coração envenenado. esta é a blogsfera "permeável" a boas influências.

Danielle Balata disse...

Van Gogh..

Indescritivel.

Cynthia Lopes disse...

Temos muitos deste momentos também!
Linda escolha da imagem, bela forma de escrever e traduzir seu momento. bjs

Anônimo disse...

Vim te conhecer! Consegui imaginar o momento com toda sua melancolia e uma solidão que talvez tenha sido boa. Você tem uma capacidade muito legal de criar ambiência, me lembrou Katherine Mansfield, que faz isso com perfeição... Adorei! beijos!

Ariane Rodrigues disse...

Se ver "A noite estrelada" talvez o encontre e não veja tanto constraste. Mas sempre há o amarelo luzente...Amarelo melancólico, mas também provedor de calor e energia! Lindo o teu texto!

Obrigada pela visita ao blog! Seja bem vinda! Também tenho outro de poesias. Tem uma que relaciono ao teu texto que se chama "Ponto cego". Se quiser, visite! Bjos.

Ana Regiane Ivanski disse...

Olá!
Adorei conhecer seu blog!Acho fantástica esta foto e ainda vou escrever um post sobre ela.
Beijos
Regiane