"....De que modo vou abrir a janela,se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?...."
Adélia Prado
Adélia Prado
Bati a campainha e pela fresta da cortina na vidraça o vi com
aquele sorriso de contentamento nos lábios quando me enxergou pelo olho da
porta. Ele não era um homem qualquer, sempre soube. Foi no espelho, se olhou e
colocou o paletó preto que estava na cadeira. E eu observando. Olhou novamente
no espelho, se arrumou dentro da roupa e partiu em direção a porta. Eu é que
estava com um sorriso de contentamento na hora que aquele homem , que não era
um homem qualquer, abriu a porta. Ele estava lindo de paletó, o espelho tinha
razão! Abriu o sorriso, os braços e me envolveu com sua força que nunca conheci
em nenhuma outra pessoa. Falei sobre a pressa, como o era tempo curto e a saudade longa, disse que
falta que ele me fazia e me despedi com um beijo demorado e um abraço. E que
braços! A porta que se fechou novamente, e moleca, o vi tirando o paletó com um
sorriso que eu conhecia bem e, moleca, novamente toquei a campainha. Ele olhou no
olho da porta. Novamente!???! Abriu um sorriso e colocou, novamente, o paletó,
olhou, novamente, o espelho e abriu a
porta. Sim, você está lindo! E eu me senti uma mulher, não qualquer mulher, mas, a mulher
que um homem que não, absolutamente, não, é um homem qualquer, quer estar bonito de
paletó preto. E não havia mais tempo, nem pressa, somente eu, mulher, ele, um
homem e nossos braços em abraços.
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