quinta-feira, 24 de julho de 2014

O HOMEM.



"....De que modo vou abrir a janela,se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?...."
Adélia Prado




Bati a campainha e pela fresta da cortina na vidraça o vi com aquele sorriso de contentamento nos lábios quando me enxergou pelo olho da porta. Ele não era um homem qualquer, sempre soube. Foi no espelho, se olhou e colocou o paletó preto que estava na cadeira. E eu observando. Olhou novamente no espelho, se arrumou dentro da roupa e partiu em direção a porta. Eu é que estava com um sorriso de contentamento na hora que aquele homem , que não era um homem qualquer, abriu a porta. Ele estava lindo de paletó, o espelho tinha razão! Abriu o sorriso, os braços e me envolveu com sua força que nunca conheci em nenhuma outra pessoa. Falei sobre a pressa, como o  era tempo curto e a saudade longa, disse que falta que ele me fazia e me despedi com um beijo demorado e um abraço. E que braços! A porta que se fechou novamente, e moleca, o vi tirando o paletó com um sorriso que eu conhecia bem e, moleca,  novamente toquei a campainha. Ele olhou no olho da porta. Novamente!???! Abriu um sorriso e colocou, novamente, o paletó, olhou, novamente,  o espelho e abriu a porta. Sim, você está lindo! E eu  me senti  uma mulher, não qualquer mulher, mas, a mulher que um homem que não, absolutamente, não,  é um homem qualquer, quer estar bonito de paletó preto. E não havia mais tempo, nem pressa, somente eu, mulher, ele, um homem e nossos braços em abraços. 

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