quarta-feira, 12 de novembro de 2008

No meu tempo, em tempo.

Queria muito nos meus 19 anos, em 69, estar em Woodstock,dançando livremente sob o som alucinante guitarra de Hendrix, aos 20 ter ouvido ao vivo os Beatles, aos 17, Elvis, no auge da histeria coletiva. Acompanhado no sonho dos cinemas James Dean, Marlon Brando, Paul Newman. Vivido em New Orleans e em bares esfumaçados escondidos ver negros esfuziantes deslizar suas mãos, bocas e corpos em gaitas, baixos e em duelos de guitarras, soltando no ar proibidos e escandalosos blues genuínos. Ter vaiado o “Br-3” de Tony Tornado e o Sabia de Chico Buarque nos festivais.
Aí, santo deus, viver na boemia, em Copacabana anos 50/60, vida dourada em encontros criativos, regados a Whisky, dos poetas, cantores e escritores da época. Visto um show dos Secos e Molhados e ter participado da semana de 22, enxovalhando os parnasianos catatônicos filhos da mãe. Com Chiquinha Gonzaga freqüentado saraus em casarões antigos e os bailes de carnaval de antigamente.Queria ter queimado sutiãs, ter participado da coluna prestes, gritado por liberdade, por paz e amor, por igualdade, ter fugido de casa, ter chorado quando Lenon disse “o sonho acabou”.
Ter vivido no Rio, na França, em Nova York, em Sampa, em Madrid. Ter sido companheira de Darcy Ribeiro, de Pablo Neruda , de Frida Kalo, Glauber Rocha, de mestre Antonio Vieira, de Picasso, Fernando Gabeira, de Salvador dali, de Clarice Lispector, Fernando Pessoa, de Gabriel Garcia Márquez, de che Guevara, Reich, de Etta James. Ter estudado história da arte, filosofia, arqueologia, sociologia.Coube a minha formação passar o ridículo de ter sido cara pintada, ter assistido Xuxa e usado calça bag e ainda por cima ver transformado em pop-lixo ritmos populares regionais.
Nestes termos, venho debulhando meus dias entre realidade, utopia e ficção, e sem resistência, assumindo minha triste face neoliberal consumista, vendo a vida passar na janela da minha magnética “Itabira” e só não grito para o mundo ouvir que a “vida é besta”, porque não perdia um capítulo sequer da séria anjos da lei, onde Johnny Depp dava os primeiros ares da sua mágica graça. Bons tempos aqueles!
E viva “Pepe le gamba” ele é que é feliz!!!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Há uns dois meses eu fui dar uma palestra sobre leitura e literatura numa cidadezinha miserável, analfabeta e etc... falei por uma hora e meia, dizendo que eu achava da vida e da arte e da literatura... Aí já no final, na rodada de perguntas, uma professora pediu a palavra: "tenho aqui um apergunta que não é me minha, mas me pediram pra fazer: o senhor acredita que ainda é possível romantismo nesses tempos?". Eu respondi: acho. Um beijo loirona, não deixe ninguém aplacar teu facho... essa é a única vida que temos... mais um beijo...

Cynthia Lopes disse...

Oi Renata, vim com minha fome de versos e palavras ver as tuas images&poemas. Gostei muito, bjs