quarta-feira, 27 de junho de 2012

quando era criança.


Ponho-me a escrever teu nome

com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!

- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
"Neste país é proibido sonhar." 

Carlos Drummond de Andrade




Revistinhas espalhadas pelo chão “J-u-l-i-a”, Sidney Sheldon em letras garrafais na estante entre coisas guardadas e poesias lidas, pela janela um céu lindo e longe, algo singelo como um balão, mas, rápido como um rabo de cometa, a riscar o céu de pluma branca e fumaça negra levando para longe, longe das chances de qualquer ilusão.

Sentou-se na cama confortável e fitou a parede branca de pedra e tijolos e cimento. Talvez colocaria um lindo móbile feito de pássaros que simulam algum vôo. Talvez...uma gravura de klint ou Hopper....Talvez....uma grande televisão a passar o cotidiano dos outros mundos... Talvez...

Tinha planos, muitos planos.

Fechou a janela para o vento frio do inverno e deitou na cama olhando para cima: o teto branco...sem nuvens, sem estrelas, sem lua. Branco. Pedra.Tijolos. Cimento.

Fecharia os olhos sem planos, somente sonharia...

Um comentário:

Cynthia Lopes disse...

Muitos planos e sonhos,
coisas de poeta.
bjs