Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
"Neste país é proibido sonhar."
Carlos Drummond de Andrade
Revistinhas espalhadas pelo chão “J-u-l-i-a”, Sidney Sheldon
em letras garrafais na estante entre coisas guardadas e poesias lidas, pela
janela um céu lindo e longe, algo singelo como um balão, mas, rápido como um
rabo de cometa, a riscar o céu de pluma branca e fumaça negra levando para longe,
longe das chances de qualquer ilusão.
Sentou-se na cama confortável e fitou a parede branca de
pedra e tijolos e cimento. Talvez colocaria um lindo móbile feito de pássaros
que simulam algum vôo. Talvez...uma gravura de klint ou Hopper....Talvez....uma
grande televisão a passar o cotidiano dos outros mundos... Talvez...
Tinha planos, muitos planos.
Fechou a janela para o vento frio do inverno e deitou na
cama olhando para cima: o teto branco...sem nuvens, sem estrelas, sem lua.
Branco. Pedra.Tijolos. Cimento.
Fecharia os olhos sem planos, somente sonharia...
Um comentário:
Muitos planos e sonhos,
coisas de poeta.
bjs
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